sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Artigo: Revisitando a produção de textos na escola (Roxane Rojo)

Revisitando a produção de textos na escola (Roxane Rojo)
                A autora questiona a concepção que se tinha sobre o que era alfabetizar e a própria noção de alfabetização que foi sendo substituída pela (sócio) construção da escrita e pelo letramento(s).
                Ressalta que a criança não chegava à escola sem nenhuma concepção de escrita e ainda que o olhar do construtivismo foca o sujeito. Também confronta as teorias: construtivista piagetiana e a sócio-histórica vygotskiana.
                Apresenta teorias da década de 1980:
ð  1982 – (Nystrand) teorias textuais de descrição do texto escrito. O produto textual é um conjunto de estruturas (micro e macro).
ð  1983 – processo fásico è planejamento è tradução para a escrita è revisão
Linguagem e Discurso (Bahktin) è produto social nas interações concretas emergentes em situações de produção (enunciação específica).
Compara o modelo de “processamento” (Heyes e Flower, 1980) e as “atividades” e “operações de linguagem” (Schenewly, 1988) cujo foco era a interação social.
ð  1989 – utiliza um exemplo de releitura de dados através da produção de textos:
·         Alunos de 1º e 2º ano – iniciam a produção pela construção da personagem;
·         Alunos do 3º e do 4º ano – ativam o conhecimento para a construção do problema da história (geração de ideias), fonte das mais variadas mídias.
Através de experiências e práticas textuais verificou da eficácia ou não e a forma que os alunos construíam suas produções.
Propõe ainda que mesmo sendo uma análise primeira, o estudo propõe pensar em uma série de atividades didáticas.

Apresenta ainda cinco revisões conceituais neo vygotskianas (bahktinianas) permitindo uma perspectiva vygotskiana clássica.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O espelho da nação: a Antologia Nacional e o ensino de Português e de Literatura (1838-1971)

Tese de Doutorado
O espelho da nação: a Antologia Nacional e o ensino de Português e de Literatura (1838-1971) de autoria de Marcia de Paula Gregorio Razzini.

            A autora aponta cronologicamente a evolução do ensino das humanas no Brasil e consequentemente, a evolução do ensino de Português e de Literatura (no ensino secundarista). Tendo como base de estudos a documentação do Colégio Pedro II, bem como, utilizando-se também de um livro didático a “Antologia Nacional” que foi utilizado por quase setenta anos.
De modo geral haviam poucas aulas dedicadas à língua nacional, pois as instituições de ensino se dirigiam à elite que, supunha-se, que esta já a dominava. No entanto, nos anos de 1898, 1946 a 1952 o ensino contava com mais de 20 aulas semanais atingindo o ápice em  1961 com cerca de 30 aulas semanais dedicadas ao estudo do vernáculo. No entanto, o ensino da Língua Portuguesa se consolidou através da expansão da leitura, da redação e da gramática e, mais posteriormente, com a literatura quando esta se utilizou de escritores brasileiros.

            Contudo, a autora aponta ainda que a implantação e o reconhecimento da Língua Portuguesa como definição de brasilidade vem acompanhada por interesses políticos e econômicos. Assim, a escola e seu currículo atrelam-se às ideias e ideais dos dirigentes da nação – isso influencia que autor brasileiro será estudado ou não. Ou seja, aquele autor que cumpre com os objetivos traçados a cada período político. Talvez esse seja o motivo do “apagamento” de muitos escritores. 



terça-feira, 29 de julho de 2014

Chapeuzinho Vermelho e a intertextualidade

Sequência didática de Língua Portuguesa
Objetivo: Compreender através da história da Chapeuzinho Vermelho que intertextualidade é relação de sentidos e/ou significados que estabelecemos entre os diferentes tipos de textos (mensagens).
Turmas: 6o ao 9o ano
Conteúdo: intertextualidade.
Tempo estimado: 10 aulas.
Mídias utilizadas: mídia impressa, informática e vídeo.
Desenvolvimento:
1ª Etapa – Contar a história “Chapeuzinho Vermelho” escrita pelos irmãos Grimm.
a)     Questionar aos alunos se conhecem outras versões? Debater sobre o assunto.
b)      Apresentar a versão desenvolvida pela Disney.
2ª Etapa -  O que é intertextualidade?
a)      Mostrar uma serie de uma serie de imagens.
b)      Questionar aos alunos o que se repete em cada imagem, ou seja, qual o elemento comum a elas.

Imagem I


















Imagem II













Imagem III


















Imagem IV


















Fonte: http://marcosadrianoissler.blogspot.com.br/2009/11/turma-da-monica-em-chapeuzinho-vermelho.html

Imagem 5

















Imagem VI









Imagem VII














Imagem VIII













Fonte: http://dailyartcocktail.com/melissa-bedtime-stories-%E2%80%93-a-modern-look-at-fairy-tale-heroines/

2. Intertextualidade em diferentes mídias.
a) Assistir aos filmes: Chapeuzinho vermelho

Versões disponíveis:

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=MuySSW98ZKo






Releitura da história da Chapeuzinho



Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VADdBXzXSb4

Deu a louca na Chapeuzinho
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=hNUVNyNP1D4

b) Ouvir a música “Chapeuzinho Vermelho”

3ª etapa – Avaliação
a) Seminário para debate sobre como a mesma informação é veiculada nas diferentes mídias.
b) Atividade de produção textual de acordo com o nível da turma:
Gênero - artigo de opinião
Proposta de tema: As diferentes versões de um conto de fadas
b) Gênero - conto de fadas 
Proposta de tema: Como seria a Chapeuzinho hoje em dia?

Extrapolando!
Pode-se ainda abordar outras releituras a partir da Chapeuzinho Vermelho, como o livro Chapeuzinho Amarelo de Chico Buarque.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Carlos Drummond de Andrade - Caso do Vestido

Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade


Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós, 
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro, 
beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,
que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio.  Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda,
de colo mui devassado, 
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio, 
visitei vossos parentes,
não comia, não falava,
tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido, 
última peça de luxo
que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,
da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoado
confessou que só gostava
de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito
de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.
Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?
Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.
Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.

 
Texto extraído do livro "
Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.


Releitura do poema "Caso do Vestido" de autoria de Manuella Spindola


Meu erro
(baseada no poema "Caso do vestido" de Carlos Drummond)

O casamento pra mim estava se tornando
uma prisão, por mais que eu a amasse 
ela não completava meu coração.

Sentindo-me vazio caminhando embrenhado
na solidão, deparei-me com uma mulher que
seduziu meu coração.

Era uma mulher bonita, corpulenta e altiva
que com o tempo completou o vão que sobrara
em minha vida.

Vivemos intensamente aquela paixão,
porém o tempo, angustia de quem ama,
fez-me perceber que paixões repentinas nem sempre
provém do coração.

Cansado da moça, cuja beleza um dia me atraíra,
parti, pois esta já não me satisfazia.

Ah! Como me enganara, pois não era o casamento meu algoz,
mas meu impulso inimigo atroz. 


Autora: Manuella Sant'ana Juttel de Souza (802/2013)


Ouça a narração do poema pelo próprio Drummond.

Video com narração de Drummond

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Texto verbal e texto não-verbal

As Marias do meu lugar

I
Minha terra é pequenina
Fica aqui no Ceará
No Vale do Jaguaribe
Alto Santo aqui está
No Comando das Marias
Que progride esse lugar

II
Tem Maria sertaneja
Valente feito um trovão
Daquela que desde cedo
Faz o cultivo do chão
E a Maria tratorista
Que ajuda na plantação

III
Tem Maria lá na câmara
Que é a vereadora
Tem Maria que cedinho
Limpa a rua com a vassoura
Tem aquela que ensina
A Maria professora

IV
A Maria forrozeira
Rodeia feito pião
Tem a Maria louceira
Transforma o barro com a mão
E a Maria morena
Com corpo de violão

V
Maria que no mercado
Vende o quente e o frio
E a Maria lavadeira
Faz espuma lá no rio
E a Maria açougueira
Com a faca faz desafio

VI
Maria no hospital
A Maria enfermeira
Lá na fábrica de tecidos
A Maria costureira
E aqui na minha casa
A Maria verdadeira

VII
Lá no altar da igreja
Maria diz o amém
Implora ao padroeiro
Para todos viver bem
A mãe do Menino Deus
Que é Maria também

VIII
Ah! Se em todo lugar tivesse
Assim tantas alegrias
E que fosse como meu
Nessa paz do dia-a-dia
Que faz o calor do sol
Dar força a essas Marias
Escola E. M. E. F. URCESINA MOURA CANTÍDIO
Cidade ALTO SANTO
UF CE
Professora MARIA GISELIA BEZERRA GOMES
Aluno CARLOS VICTOR DANTAS ARAÚJO
Série 6º ANO
Poesia vencedora da Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa. 

Fonte: YOUTUBE. As marias de meu lugar de Carlos Victor Dantas Araújo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-0BMd1ngfG0>. Acesso em: 28 abr. 2014.
Oficina 
Após trabalharmos os elementos  da poesia, os alunos foram desafiados a transformar a um texto verbal (a poesia "As Marias do meu lugar" do aluno Carlos Victor Dantas Araújo) em um texto não-verbal.
Qual a diferença entre um texto verbal e um não-verbal?

Produção dos alunos da turma 602/2014
Releitura: As Marias do meu lugar (Carlos Victor Dantas Araújo)
Rogério Lopes Veloso Junior (602/2014)

Paulo Henrique Siqueira Martins (602/2014)

Angélica Jamille Borchate (602/2014)

Natália Vieira Martins (602/2014)

Eduarda Letícia Ferreira Alves (602/2014)

Nicolly Ricardo (602/2014)

Ana Beatriz Lucas de Souza (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Maria Eduarda Ramos Pinheiro (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Matheus Freitas (602/2014)

Luan Cesar Melo dos Santos (602/2014)

Alice Serra Siqueira (602/2014)

Gabriel Seeman (602/2014)

Diogo Barros Cabral (602/2014)


Morgana Santos de Andrade (602/2014)

Lucas Pires (602/2014)


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A importância das
Linguagens não-verbais 

O ser humano não pensa nem se comunica apenas por palavras, usa sim, uma infinidade de outros signos que dão sentido às imagens, sons, cheiros, gestos, símbolos, sinais de trânsito. Estarmos atentos às possibilidades de comunicação que as novas tecnologias nos oferecem, é fundamental, principalmente no que diz respeito ao processo ensino - aprendizagem. 
A informática desempenha hoje, um papel crucial em todas as ares de atividade humana, servindo como meio para busca,armazenamento,processamento e distribuição de informações. Novas tecnologias permitem romper, especialmente na escrita com o texto tradicional, (com início, meio e fim). O hipertexto é uma nova linguagem – home page, sites,chats, fóruns de discussão e e-mails – são exemplos de novos gêneros de linguagem oferecidos a um novo leitor. 
Hoje, não basta aprender a decifrar as letras de um alfabeto, para ler o texto. Todo e qualquer texto constituído de imagens é compreendido quase que universalmente, diferentemente dos textos verbais, dirigidos para a cultura e a linguagem específica de um determinado local. A interpretação do não-verbal de um texto é ver que essa camada do discurso também é carregada de significados, pois geralmente o verbal ancora o não-verbal 
e vice-versa. Verbal e não-verbal de complementam e, à medida que não se faz a leitura do não-verbal, muito do significado do texto se perde. 
O não-verbal cada vez mais, toma o espaço do verbal, não só no processo ensino-aprendizagem, como em todos os setores da comunicação humana. As novas formas de comunicação utilizam as imagens sem muitas vezes usarem as palavras, porque as palavras que tentam descrevem as imagens jamais conseguem esgotá-la por completo. 
Lévi, um dos papas da comunicação por meios tecnológicos, falando de Ciberespaço, assegura que: “ o pensamento é um produtor de imagens, de signos, de seres mentais sem o qual nenhuma opção nem qualquer liberdade seriam possível”(Ciberespaço,2000.p.208), diz ainda que o domínio do saber e do pensamento indicam uma nova ordem na escrita. 
O homem moderno foi condicionado a ler apenas o verbal como discurso, principalmente no ensino escolar, deixando o não-verbal como simples complemento, portanto há necessidade de uma reeducação em seu processo de socialização. Novas formas de expressão contribuem para uma nova linguagem e exigem que o cidadão desenvolva a capacidade de analisar, estabelecer relações, sintetizar e avaliar. A utilização de charges, estórias em quadrinhos, tiras e outros instrumentos que fazem parte do uso das linguagens não verbais são cada vez mais utilizados como instrumentos no processo de aprendizagem, pois estimulam a percepção e contribuem de maneira significativa no processo do ensino-aprendizagem. A leitura das imagens é uma necessidade no mundo moderno e nas modernas técnicas de comunicação humana, portanto indispensável na esfera da educação. 
A arte e toda forma de manifestação artística – pintura, escultura, música, teatro e a dança - são subsídios comunicativos que desenvolvem o raciocínio criativo e estimulam os sentidos e a imaginação. No momento em que se verifica uma revolução na vida e no trabalho do homem moderno, através do processo de automação, surge um novo tipo de sociedade, com novas exigências. A educação passa a ter um papel importantíssimo nesse contexto. Segundo Reyzábal, o ensino e a aprendizagem através dos códigos plurais desenvolvem o conhecimento crítico e criativo, além de auxiliar a formação cultural e social. 
A fala, a escrita, os movimentos corporais, a arte como instrumento comunicativo, estão intimamente ligados à percepção, à ação, como expressão da cultura. A utilização de outras linguagens como a televisão, o cinema, o rádio e a informática, são instrumentos indispensáveis para a comunicação moderna. 
A música, por exemplo, abre infinitas janelas para a construção do conhecimento. A linguagem musical atinge a percepção humana de maneira mais profunda além de estar presente no cotidiano de todas as pessoas; como linguagem não verbal, a música atinge o terreno das emoções, da intuição e das capacidades não racionais. A música e a sua história são instrumentos poderosos de aprendizagem que despertam a criatividade e o prazer pelo conhecimento, pois através dos sons, ritmos, letras, as músicas sintetizam a nossa expressão cultural e despertam o gosto e o senso crítico. Mostrar as origens e as diversidades musicais é abrir caminho para melhor compreender a música e sua história que podem ser aliados ao despertar para o conhecimento mais prazeroso. 
Não podemos esquecer que vivemos num mundo dominado pela imagem, a televisão, o cinema, o vídeo e internet são realidades presentes no dia-a-dia do homem atual, através da imagem reconstrói-se um novo tipo de leitura do mundo e da realidade. Os modernos meios de comunicação estão impregnados de imagens a serem decodificadas, facilitando a compreensão e o conhecimento de forma mais imediata da realidade. 
“Nossa era prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser.”(Casasus,1983,p.27). Há necessidade de se criar condições para o acesso a essas tecnologias porque elas representam múltiplas oportunidades de educação, maior inclusão social e desenvolvimento de novas habilidades ao indivíduo. 
Cabe à escola e ao profissional de educação, juntamente com o Poder Público e a sociedade, fazer do jovem um cidadão e um trabalhador mais flexível e adaptável às rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à vida moderna. A educação permanente é uma das formas de adequação e aperfeiçoamento necessários às novas exigências do mundo moderno. 

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/179308-lingu... 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Hipóteses na construção da escrita

Hipóteses na construção da escrita

A psicolinguista argentina, Emília Ferreiro, desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e a escrever, estudou os processos de aquisição e elaboração do conhecimento e o modo como elas aprendem. Em suas pesquisas, Emília Ferreira focou nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e escrita.
O ambiente familiar e escolar têm muita importância para o desenvolvimento do indivíduo. Crianças com mais estímulo e motivação têm mais chances de construir o processo de escrita com qualidade. Segundo Emilia Ferreira, as hipóteses na construção da escrita são:
* Pré-silábica: é produzida por crianças que ainda não compreendem o caráter fonético do sistema. As hipóteses da criança são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo, buscando:
- Diferenciar o desenho e escrita;
- Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
- Reproduzir os traços da escrita, de acordo com as formas gráficas (impressa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar;
- Perceber que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
* Silábica: nessa etapa a criança compreende que a escrita é uma representação da fala, o que a faz sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som.
* Silábica-alfabética: é marcada por um momento de transição. Busca as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
* Alfabética: fase em que a criança entende que:
- A sílaba não pode ser considerada uma unidade e pode ser separada em unidades menores.
- A identificação do som não é garantia de identificação da letra, o que pode gerar dificuldades ortográficas;
- A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
Então, muitos se perguntam como se deve ensinar alguém a escrever? Mais que isso… Como alguém aprende a escrever?
Norteadas por essas perguntas, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky explicam que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico e que o processo evolutivo de aprender a ler e a escrever passa por níveis que revelam as hipóteses formadas pela criança. Foram definidos cinco níveis:
- Hipótese pré-silábica:
A criança não estabelece vínculo entre fala e escrita; demonstra intenção de escrever através de traçado linear; usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra; tem leitura global, individual e instável sobre o que escreve.  Por exemplo:
Alfabetização 4

- Hipótese silábica sem valor sonoro:
A criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita; começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras; Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres; cada vez que pronuncia uma sílaba, ela escreve uma letra, porém a lera não tem relação com o som.
Alfabetização 1
- Hipótese silábica com valor sonoro:
A criança já supõe que a escrita representa a fala; tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras; supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba; usa uma letra para cada vez que pronuncia uma sílaba, mas faz elação com o som.
Alfabetização 5
- Hipótese silábica-alfabética;
Esta é a hipótese intermediária, na qual a criança muitas vezes escreve silabicamente, outras alfabeticamente. Aqui ocorre uma mistura da lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas. A criança compreende que a escrita tem função social; compreende o modo de construção do código da escrita; não tem problema de escrita no que se refere a conceito.
Alfabetização 6
- Hipótese alfabética:
Nesta etapa a criança domina o código escrito, distinguindo letras, sílabas, palavras e frases. Ela compreende que a escrita tem função social; compreende o modo de construção da escrita; omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica não tem problemas de escrita no que se refere a conceito.
Alfabetização

O objetivo da avaliação nas escolas é diagnosticar o conhecimento já construído pela criança. O educador deve realizar a sondagem diagnóstica, uma atividade essencial, que o capacita a conhecer as hipóteses das crianças envolvidas no processo de alfabetização.
Para realizar essa sondagem, devem-se escolher quatro palavras, sendo uma polissílaba, trissílaba, dissílaba e uma monossílaba, respectivamente, e uma frase de um mesmo campo semântico (do mesmo assunto). Exemplo: dinossauro – cavalo – gato – rã, o gato é meu.
O professor deve ditar as palavras sem pausas entre sílabas, para que a criança escreva da maneira que souber. Se a criança perguntar como se escreve, devolva a pergunta, incentivando-o sempre. A partir desse material, o educador pode refletir sobre o pensamento da criança e perceber sua hipótese linguística. A sondagem diagnóstica deve ser realizada periodicamente, assim o professor pode realizar um trabalho de acordo com a hipótese da criança.

Por Anne Mascarenhas
Jornalista
Fonte: APOIO PEDAGÓGICO. Hipóteses na construção da escrita por Anne Mascarenhas. Disponível em: . Acesso em 17 abr. 2014.