segunda-feira, 28 de abril de 2014

Texto verbal e texto não-verbal

As Marias do meu lugar

I
Minha terra é pequenina
Fica aqui no Ceará
No Vale do Jaguaribe
Alto Santo aqui está
No Comando das Marias
Que progride esse lugar

II
Tem Maria sertaneja
Valente feito um trovão
Daquela que desde cedo
Faz o cultivo do chão
E a Maria tratorista
Que ajuda na plantação

III
Tem Maria lá na câmara
Que é a vereadora
Tem Maria que cedinho
Limpa a rua com a vassoura
Tem aquela que ensina
A Maria professora

IV
A Maria forrozeira
Rodeia feito pião
Tem a Maria louceira
Transforma o barro com a mão
E a Maria morena
Com corpo de violão

V
Maria que no mercado
Vende o quente e o frio
E a Maria lavadeira
Faz espuma lá no rio
E a Maria açougueira
Com a faca faz desafio

VI
Maria no hospital
A Maria enfermeira
Lá na fábrica de tecidos
A Maria costureira
E aqui na minha casa
A Maria verdadeira

VII
Lá no altar da igreja
Maria diz o amém
Implora ao padroeiro
Para todos viver bem
A mãe do Menino Deus
Que é Maria também

VIII
Ah! Se em todo lugar tivesse
Assim tantas alegrias
E que fosse como meu
Nessa paz do dia-a-dia
Que faz o calor do sol
Dar força a essas Marias
Escola E. M. E. F. URCESINA MOURA CANTÍDIO
Cidade ALTO SANTO
UF CE
Professora MARIA GISELIA BEZERRA GOMES
Aluno CARLOS VICTOR DANTAS ARAÚJO
Série 6º ANO
Poesia vencedora da Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa. 

Fonte: YOUTUBE. As marias de meu lugar de Carlos Victor Dantas Araújo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-0BMd1ngfG0>. Acesso em: 28 abr. 2014.
Oficina 
Após trabalharmos os elementos  da poesia, os alunos foram desafiados a transformar a um texto verbal (a poesia "As Marias do meu lugar" do aluno Carlos Victor Dantas Araújo) em um texto não-verbal.
Qual a diferença entre um texto verbal e um não-verbal?

Produção dos alunos da turma 602/2014
Releitura: As Marias do meu lugar (Carlos Victor Dantas Araújo)
Rogério Lopes Veloso Junior (602/2014)

Paulo Henrique Siqueira Martins (602/2014)

Angélica Jamille Borchate (602/2014)

Natália Vieira Martins (602/2014)

Eduarda Letícia Ferreira Alves (602/2014)

Nicolly Ricardo (602/2014)

Ana Beatriz Lucas de Souza (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Maria Eduarda Ramos Pinheiro (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Sem identificação (602/2014)

Matheus Freitas (602/2014)

Luan Cesar Melo dos Santos (602/2014)

Alice Serra Siqueira (602/2014)

Gabriel Seeman (602/2014)

Diogo Barros Cabral (602/2014)


Morgana Santos de Andrade (602/2014)

Lucas Pires (602/2014)


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A importância das
Linguagens não-verbais 

O ser humano não pensa nem se comunica apenas por palavras, usa sim, uma infinidade de outros signos que dão sentido às imagens, sons, cheiros, gestos, símbolos, sinais de trânsito. Estarmos atentos às possibilidades de comunicação que as novas tecnologias nos oferecem, é fundamental, principalmente no que diz respeito ao processo ensino - aprendizagem. 
A informática desempenha hoje, um papel crucial em todas as ares de atividade humana, servindo como meio para busca,armazenamento,processamento e distribuição de informações. Novas tecnologias permitem romper, especialmente na escrita com o texto tradicional, (com início, meio e fim). O hipertexto é uma nova linguagem – home page, sites,chats, fóruns de discussão e e-mails – são exemplos de novos gêneros de linguagem oferecidos a um novo leitor. 
Hoje, não basta aprender a decifrar as letras de um alfabeto, para ler o texto. Todo e qualquer texto constituído de imagens é compreendido quase que universalmente, diferentemente dos textos verbais, dirigidos para a cultura e a linguagem específica de um determinado local. A interpretação do não-verbal de um texto é ver que essa camada do discurso também é carregada de significados, pois geralmente o verbal ancora o não-verbal 
e vice-versa. Verbal e não-verbal de complementam e, à medida que não se faz a leitura do não-verbal, muito do significado do texto se perde. 
O não-verbal cada vez mais, toma o espaço do verbal, não só no processo ensino-aprendizagem, como em todos os setores da comunicação humana. As novas formas de comunicação utilizam as imagens sem muitas vezes usarem as palavras, porque as palavras que tentam descrevem as imagens jamais conseguem esgotá-la por completo. 
Lévi, um dos papas da comunicação por meios tecnológicos, falando de Ciberespaço, assegura que: “ o pensamento é um produtor de imagens, de signos, de seres mentais sem o qual nenhuma opção nem qualquer liberdade seriam possível”(Ciberespaço,2000.p.208), diz ainda que o domínio do saber e do pensamento indicam uma nova ordem na escrita. 
O homem moderno foi condicionado a ler apenas o verbal como discurso, principalmente no ensino escolar, deixando o não-verbal como simples complemento, portanto há necessidade de uma reeducação em seu processo de socialização. Novas formas de expressão contribuem para uma nova linguagem e exigem que o cidadão desenvolva a capacidade de analisar, estabelecer relações, sintetizar e avaliar. A utilização de charges, estórias em quadrinhos, tiras e outros instrumentos que fazem parte do uso das linguagens não verbais são cada vez mais utilizados como instrumentos no processo de aprendizagem, pois estimulam a percepção e contribuem de maneira significativa no processo do ensino-aprendizagem. A leitura das imagens é uma necessidade no mundo moderno e nas modernas técnicas de comunicação humana, portanto indispensável na esfera da educação. 
A arte e toda forma de manifestação artística – pintura, escultura, música, teatro e a dança - são subsídios comunicativos que desenvolvem o raciocínio criativo e estimulam os sentidos e a imaginação. No momento em que se verifica uma revolução na vida e no trabalho do homem moderno, através do processo de automação, surge um novo tipo de sociedade, com novas exigências. A educação passa a ter um papel importantíssimo nesse contexto. Segundo Reyzábal, o ensino e a aprendizagem através dos códigos plurais desenvolvem o conhecimento crítico e criativo, além de auxiliar a formação cultural e social. 
A fala, a escrita, os movimentos corporais, a arte como instrumento comunicativo, estão intimamente ligados à percepção, à ação, como expressão da cultura. A utilização de outras linguagens como a televisão, o cinema, o rádio e a informática, são instrumentos indispensáveis para a comunicação moderna. 
A música, por exemplo, abre infinitas janelas para a construção do conhecimento. A linguagem musical atinge a percepção humana de maneira mais profunda além de estar presente no cotidiano de todas as pessoas; como linguagem não verbal, a música atinge o terreno das emoções, da intuição e das capacidades não racionais. A música e a sua história são instrumentos poderosos de aprendizagem que despertam a criatividade e o prazer pelo conhecimento, pois através dos sons, ritmos, letras, as músicas sintetizam a nossa expressão cultural e despertam o gosto e o senso crítico. Mostrar as origens e as diversidades musicais é abrir caminho para melhor compreender a música e sua história que podem ser aliados ao despertar para o conhecimento mais prazeroso. 
Não podemos esquecer que vivemos num mundo dominado pela imagem, a televisão, o cinema, o vídeo e internet são realidades presentes no dia-a-dia do homem atual, através da imagem reconstrói-se um novo tipo de leitura do mundo e da realidade. Os modernos meios de comunicação estão impregnados de imagens a serem decodificadas, facilitando a compreensão e o conhecimento de forma mais imediata da realidade. 
“Nossa era prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser.”(Casasus,1983,p.27). Há necessidade de se criar condições para o acesso a essas tecnologias porque elas representam múltiplas oportunidades de educação, maior inclusão social e desenvolvimento de novas habilidades ao indivíduo. 
Cabe à escola e ao profissional de educação, juntamente com o Poder Público e a sociedade, fazer do jovem um cidadão e um trabalhador mais flexível e adaptável às rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à vida moderna. A educação permanente é uma das formas de adequação e aperfeiçoamento necessários às novas exigências do mundo moderno. 

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/179308-lingu... 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Hipóteses na construção da escrita

Hipóteses na construção da escrita

A psicolinguista argentina, Emília Ferreiro, desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e a escrever, estudou os processos de aquisição e elaboração do conhecimento e o modo como elas aprendem. Em suas pesquisas, Emília Ferreira focou nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e escrita.
O ambiente familiar e escolar têm muita importância para o desenvolvimento do indivíduo. Crianças com mais estímulo e motivação têm mais chances de construir o processo de escrita com qualidade. Segundo Emilia Ferreira, as hipóteses na construção da escrita são:
* Pré-silábica: é produzida por crianças que ainda não compreendem o caráter fonético do sistema. As hipóteses da criança são estabelecidas em torno do tipo e da quantidade de grafismo, buscando:
- Diferenciar o desenho e escrita;
- Utilizar no mínimo duas ou três letras para poder escrever palavras;
- Reproduzir os traços da escrita, de acordo com as formas gráficas (impressa ou cursiva), escolhendo a que lhe é mais familiar;
- Perceber que é preciso variar os caracteres para obter palavras diferentes.
* Silábica: nessa etapa a criança compreende que a escrita é uma representação da fala, o que a faz sentir a necessidade de usar uma forma de grafia para cada som.
* Silábica-alfabética: é marcada por um momento de transição. Busca as formas de fazer corresponder os sons às formas silábica e alfabética e a criança pode escolher as letras ou de forma ortográfica ou fonética.
* Alfabética: fase em que a criança entende que:
- A sílaba não pode ser considerada uma unidade e pode ser separada em unidades menores.
- A identificação do som não é garantia de identificação da letra, o que pode gerar dificuldades ortográficas;
- A escrita supõe a necessidade da análise fonética das palavras.
Então, muitos se perguntam como se deve ensinar alguém a escrever? Mais que isso… Como alguém aprende a escrever?
Norteadas por essas perguntas, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky explicam que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico e que o processo evolutivo de aprender a ler e a escrever passa por níveis que revelam as hipóteses formadas pela criança. Foram definidos cinco níveis:
- Hipótese pré-silábica:
A criança não estabelece vínculo entre fala e escrita; demonstra intenção de escrever através de traçado linear; usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra; tem leitura global, individual e instável sobre o que escreve.  Por exemplo:
Alfabetização 4

- Hipótese silábica sem valor sonoro:
A criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre pronuncia e a escrita; começa a desvincular a escrita das imagens e os números das letras; Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres; cada vez que pronuncia uma sílaba, ela escreve uma letra, porém a lera não tem relação com o som.
Alfabetização 1
- Hipótese silábica com valor sonoro:
A criança já supõe que a escrita representa a fala; tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras; supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba; usa uma letra para cada vez que pronuncia uma sílaba, mas faz elação com o som.
Alfabetização 5
- Hipótese silábica-alfabética;
Esta é a hipótese intermediária, na qual a criança muitas vezes escreve silabicamente, outras alfabeticamente. Aqui ocorre uma mistura da lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas. A criança compreende que a escrita tem função social; compreende o modo de construção do código da escrita; não tem problema de escrita no que se refere a conceito.
Alfabetização 6
- Hipótese alfabética:
Nesta etapa a criança domina o código escrito, distinguindo letras, sílabas, palavras e frases. Ela compreende que a escrita tem função social; compreende o modo de construção da escrita; omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica não tem problemas de escrita no que se refere a conceito.
Alfabetização

O objetivo da avaliação nas escolas é diagnosticar o conhecimento já construído pela criança. O educador deve realizar a sondagem diagnóstica, uma atividade essencial, que o capacita a conhecer as hipóteses das crianças envolvidas no processo de alfabetização.
Para realizar essa sondagem, devem-se escolher quatro palavras, sendo uma polissílaba, trissílaba, dissílaba e uma monossílaba, respectivamente, e uma frase de um mesmo campo semântico (do mesmo assunto). Exemplo: dinossauro – cavalo – gato – rã, o gato é meu.
O professor deve ditar as palavras sem pausas entre sílabas, para que a criança escreva da maneira que souber. Se a criança perguntar como se escreve, devolva a pergunta, incentivando-o sempre. A partir desse material, o educador pode refletir sobre o pensamento da criança e perceber sua hipótese linguística. A sondagem diagnóstica deve ser realizada periodicamente, assim o professor pode realizar um trabalho de acordo com a hipótese da criança.

Por Anne Mascarenhas
Jornalista
Fonte: APOIO PEDAGÓGICO. Hipóteses na construção da escrita por Anne Mascarenhas. Disponível em: . Acesso em 17 abr. 2014.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Variações linguísticas

Variações regionais, geográficas ou diatópicas: 
"São os dialetos, os falares típicos de uma determinada região. No Brasil esses casos são comuns, a abóbora é chamada de jerimum em alguns locais, a mandioca é chamada de macaxeira ou aipim e muitas outras palavras são diferentes de acordo com o lugar em que são faladas."
Autor: Vinícius Ferreira
Fonte: DECIFRANDO A LÍNGUA. Variações regionais. Disponível em: .

Variações regionais


“Minha vó contava uma história quandu a família tava reunida , sobri um tiu... achu qui é tiu avô, num sei... bom, essi tiu, chamava Zuardo, mais u nomi deli era pá sê Osvaldo! “. É qui quandu fôru registrá eli, disséru “Osvardo”, tão rápidu, cum um ô qui nem dava pra ouví e cum um érri nu lugar di éli, qui u iscrivão intendeu Zuardo! I intão, ficou assim...” 

Ana Cláudia, 04 de maio de 1999



 “Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui  a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im portuguêis, é só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha lingua é u purtuguêis. Quem soubé falá, sabi iscrevê.”

Jô Soares, revista veja, 28 de novembro de 1990



Os diversos falares regionais – um olhar curioso







As variações linguísticas revelam o perfil dinâmico da língua
 







Olhemos, pois, em direção às palavras retratadas por Oswald de Andrade em uma de suas brilhantes criações: 

Vício na fala

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

http://www.revista.agulha.nom.br/oswal.html#vicio
O discurso ora proferido revela a não uniformidade da língua, em que os “telhados” vão sendo construídos a partir das relações sociais demarcadas por diversos fatores, entre eles os regionais, culturais, sociais e, por que não dizermos, contextuais. Quantos “mios”, miós”, “piós”, “teias” e “teiados” não compartilham do cotidiano linguístico de muitos usuários por esse Brasil afora, sobretudo em se tratando daquele linguajar caipira, cuja enunciação caracteriza tão somente um baixo nível de escolaridade, muitas vezes por falta de oportunidade em adquiri-la, mas que nem por isso a interlocução deixou de ser materializada. Outro aspecto, também digno de nota, refere-se à contextualização outrora mencionada (fatores contextuais), visto que se restringe ao que denominamos de adequação vocabular, mesmo tendo em vista que estamos submetidos a um padrão que nos é convencional.

Assim, “entrecortados” pelo viés da Sociolinguística, prestemo-nos ao exercício de enfatizar um destes fatores que exercem suas influências para tamanha diversidade – o fator regional. Ora, não precisamos ir muito além para percebermos a amplitude de termos típicos de cada região brasileira, todos com significados específicos. Desse modo, no intuito de norteamos nosso conhecimento no que a isso se refere, conferiremos a seguir alguns casos representativos, tendo em vista algumas regiões. Ei-las, portanto:


Expressões típicas da região Nordeste:



Expressões oriundas da região Sul:



Expressões relativas ao Norte brasileiro:

Fonte: PORTUGUÊS. Os diversos falares regionais: um olhar crítico. Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gramatica/os-diversos-falares-regionais-um-olhar-curioso.html>. Acesso em 9 abr. 2014.
Assista ao vídeo
Variações linguísticas regionais

Mais pesquisas:
Brasil Escola: Variações linguísticas

Preconceito linguístico

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sinais Diacríticos

Diacríticos

Um diacrítico (do grego διακρητικός, que distingue) é um sinal gráfico que se coloca sobre, sob ou através de uma letra para alterar a sua realização fonética, isto é, o seu som, ou para marcar qualquer outra característica linguística.
Exemplos:
acento agudo;
acento grave;
acento circunflexo;
trema;
til;
macron;
visto;
caron;
braquia.
No que diz respeito a acentuação gráfica das palavras, uma ideia equivocada, que geralmente se tem, é achar que são os acentos que fazem com que os fonemas modifiquem seu som. Pensa-se, por exemplo, que é o acento agudo "´" que faz com que /é/ seja pronunciado de modo "mais aberto" do que /e/. Ou então, outro exemplo, algumas pessoas ficam tentando pronunciar "corretamente" o a com crase [à] repetindo duas vezes a pronúncia da vogal [aa].
A linguística moderna esclareceu de uma vez por todas tal equívoco. Trabalhos como os de Ferdinand de Saussure, Roman Jacobson, Emille Benvenist, André Martinet, Louis Hjelmslev e muitos outros que, no século XX, proporcionaram tamanho impulso aos conhecimentos linguísticos, principalmente a linguística estruturalista, tornaram claro que, em todas as línguas, a escrita é uma representação da fala, e não o contrário como se costuma pensar. As letras são uma tentativa de representação dos fonemas da fala, mas apenas tentativa, pois as representações nunca são perfeitas o que é bastante fácil de constatar. Basta lembrar que, dentre os mais variados agrupamentos étnicos do mundo, existem povos cuja língua nem sequer tem escrita e, no entanto, tais povos (o termo "indígenas" não é adequado; "primitivos" muito menos), se não têm escrita, nem por isso deixam de ter fala, e usam-na normalmente no seu dia-a-dia.
Desse modo, os sinais diacríticos, assim como todo o sistema da escrita, nada mais são do que uma tentativa de representar os sons dos fonemas. O acento de /é/ tem meramente a função gráfica de representar esse som, preexistente na língua, que é a vogal aberta a ele associada.
fonte: Wikipedia

Discurso direto e discurso indireto

Tipos de discurso e tipos de narrador

1. Leia com atenção o que a escritora Marina Colasanti escreveu sobre sua relação com um animalzinho. Perceba também que o texto apresenta o discurso indireto, isto é, há somente a presença de um narrador.

Breve história de um pequeno amor

                Coisa mais feia é pombinho que nasceu há pouco. A pele escura, frouxa, sobra no corpo como pijama de irmão maior. Penas, nem pensar. As asas pequenas, a barriguinha gorda, as costelas aparecendo, as veias, ou que seja que vai azulando por baixo da pele, tudo parece ainda por terminar. Mas o pior é a cabeça. Grande demais para o corpo – acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior -, desequilibrada sobre o pescoço magro, com um bico fino e comprido e dois olhos enormes, dois olhos saltados chegando à vida antes de todo o resto, ansiosos e meio cegos.
                Assim eram os dois. Eu os amei imediatamente.

Fonte: Colasanti, Marina. Breve história de um pequeno amor. Ilustrações Rebeca Luciani. 1 ed. São Paulo: FTD, 2013, p. 8-9.

a) No fragmento anterior o narrador só narra os fatos ou participa também deles?
O narrador narra os fatos, no entanto, em determinado trecho da história ele dá sua opinião utilizando primeira pessoa “eu acho”.
b) Retire do texto a frase em que o narrador expressa a opinião dele.
“- acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior -”.
Nesta atividade seria interessante que os alunos utilizassem um lápis colorido para pintar a frase em que o narrador expressa a opinião dele.
c) Observe que recursos o escritor utiliza no texto para destacar a frase “acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior”.
O travessão.

Fique atento!
·         Quando o narrador além de contar a história ainda participa dos fatos, dizemos que é um narrador-personagem, pois apresenta o texto em primeira pessoa – eu – e utiliza-se também de travessão e aspas para sinalizar esta fala.
·         Quando temos a presença de um narrador que somente narra um fato sem participar deles – em terceira pessoa – dizemos que temos um narrador-observador.

2. Agora leia a fábula de Esopo “Os viajantes e o urso” e fique atento ao narrador.

Os Viajantes e o Urso

                Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
                - O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
                - Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.
                Moral da história: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.

a) Você observou atentamente os narradores no texto “O viajante e o urso”? Então complete a legenda de acordo com o tipo de narrador encontrado: narrador-observador (terceira pessoa) ou narrador-personagem (primeira pessoa).


Narrador-observador

Narrador-personagem 1

Narrador-personagem 2

3. Leia atentamente o texto “Contos desenhados”. Depois, utilizando lápis coloridos (de cores diferentes), pinte no texto uma cor para o narrador-personagem e uma cor para o narrador-observador.

A criança que ia fazer compras

                Uma criança ia fazer compras para sua mãe.
                - Então, o que é pra  comprar?
                A mãe disse:
                - Bem, você pode comprar um pão
e um bolo
e dois pães doces
e duas amêndoas doces
e uma banana
e dois pirulitos
e cinco uvas passas
e um pouco de algodão-doce.
                Para o vendedor a criança perguntou:
                - Bem, quanto custa tudo isso?
                Ele respondeu:
                Apenas 66 centavos.

GUSTAVSSON, Per. Contos desenhados / reunidos e contados por Per Gustavsson: ilustrações de Boel Werner; (tradução de Margareta Svensson). São Paulo: Callis, 2005, p. 42-44.

4. Utilizando ainda o exemplo do texto anterior “Contos desenhados” poderemos ainda observar a presença de discurso direto e de discurso indireto.

Discurso direto
É representado pelas falas do narrador-personagem (ou somente personagem). O narrador apresenta as falas das personagens através de travessão ou aspas. São utilizados pelo narrador alguns verbos de elocução (dizer, falar, perguntar, responder, exclamar, protestar etc.) para marcar a fala da personagem.
Exemplo:
- Por que você não pediu a sua mãe? Perguntou Ana.
Marta explicou a Ana o motivo:
- Não tive coragem, sabia que minha mão não permitiria que eu saísse sozinha.

Discurso indireto
Discurso indireto é quando temos a presença de um narrador que conta a história e reproduz a fala  e as reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.

É o registro da fala da personagem, mas essa fala é contada pelo narrador. Logo, nesse tipo de discurso, os tempos verbais são modificados para que o leitor possa entender. Utiliza-se também o recurso de citar o nome de quem fez a pergunta para que o leitor não perca o referencial da personagem.
No exemplo a seguir temos a mescla do discurso direto com discurso indireto. Veja:
- Eu posso ir com você para o cinema. Perguntou Ana.
Janete prontamente respondeu:
- Claro, adoraria.

Agora vejamos como fica o texto ao utilizarmos somente discurso indireto:
Ana perguntou a Janete se poderia ir com ela ao cinema. Janete respondeu prontamente que adoraria que Ana a acompanhasse.

Há ainda o Discurso indireto livre, no qual, a narrativa é interrompida para apresentar a fala de uma personagem, mas sem utilizar recursos gráficos como as aspas e o(s) travessão(ões) do discurso direto. As falas ou até mesmo os pensamentos das personagens aparecem repentinamente durante a narração. Nesse tipo de discurso exige-se do leitor muito mais atenção à leitura.
Veja no exemplo a seguir:
Ana estava perdida olhando a paisagem, pensando naquele menino que conhecera minutos antes na quadra da escola. Será que ele a vira? Será que também se interessara por ela? Ah! Como saber! O carro continuava cortando a paisagem, rajadas de vento e grossos pingos de chuva batiam com força no vidro do carro. O menino era tão lindo.

5. Como diferenciar discurso direto de discurso indireto:
Discurso direto
Discurso indireto
Utiliza primeira ou segunda pessoa do discurso.
- Iremos ao cinema. Tu vais conosco?
Obs.: Em muitas situações de comunicação é comum utilizarmos o pronome Você (como segunda pessoa, mas o verbo conjugado em terceira pessoa). Exemplo: Você vai conosco?
Utiliza terceira pessoa.
Minha amiga me disse que iriam ao cinema e me perguntou se eu iria com eles.
Como os verbos se apresentam no discurso direto:
a) Presente do indicativo
- Comemos muitos pastéis. – Disseram meus primos.
b) No pretérito perfeito do indicativo
- Vocês já comeram os pastéis? – perguntou minha tia.
c) No futuro do presente do indicativo
- Vocês não comprarão nada na rua. – pediu a mãe.
d) No imperativo
- Comam todos os pastéis. Insistiu minha tia.
Como os verbos se apresentam no discurso indireto:
a) Pretérito perfeito do indicativo
Meus primos disseram que haviam comido muitos pastéis.
b) No pretérito-mais-que-perfeito do indicativo
Minha tia perguntou se meus primos comeram os pastéis.
c) No futuro do pretérito
A mãe pediu que seus filhos não comprassem nada na rua.
d) No pretérito imperfeito do subjuntivo
Minha tia insistiu para que meus primos comessem todos os pastéis.
Utiliza-se o uso de pronomes demonstrativos de primeira pessoa.
- Estes pastéis estão deliciosos! – Exclamou meu primo.
Utiliza pronomes demonstrativos de terceira pessoa.
O primo dela (dele) exclamou que aqueles pastéis estavam deliciosos.
Utiliza-se verbo de elocução acompanhado de sinal de pontuação (dois-pontos).
Meu primo perguntou:
- Mãe! Tem mais pastéis?
Utilização de pontuação diferenciada do discurso direto.
Meu primo perguntou para a mãe dele se tinha mais pastéis.

1.       Veja a seguir como acontece a transformação de discurso direto em discurso indireto.
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS. Teacher Swu. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2014.

Discurso direto
- Professora!
- Que é, Joãozinho?
- Eu quero dizer uma coisa muito importante.
- Fala.
- Estou com medo de assustar a senhora.
- Pode falar.
- É o papai.
- O que tem ele?
- Sei não. Ele disse que, seu eu tirar zero este mês, alguém vai levar uma surra.
Fonte: ZIRALDO. As anedotinhas do bichinho da maçã. 11 ed. São Paulo: Melhoramentos. 2004.
Agora obseve como o mesmo texto transforma-se ao utilizarmos o discurso indireto. No entanto, perceba que se preserva o mesmo sentido do texto base.

Discurso indireto
                Joãozinho falou para a professora que queria dizer uma coisa muito importante para ela. A professora pediu que ele falasse.
                No entanto, o garotou disse que estava com medo de assustá-la. Mesmo assim, ela pediu que ele falasse. Joãozinho, então, disse que era o pai, insinuando que havia algo de errado com o pai dele. A professora perguntou o que tinha com o pai.
Joãozinho, com a maior cara-de-pau, falou que não sabia de nada. Sabia apenas o que o pai havia dito que, caso ele tirasse zero naquele mês, alguém levaria uma surra. Insinuando assim que seria a professora.

Fonte: TAVARES, Roseli. Fala direta e fala indireta. Disponível em: <http://roseartseducar.blogspot.com.br/2011/11/discurso-direto-e-indireto.html>. Acesso em: 7 mar. 2013.

7. Transforme os textos que apresentam discursos diretos em discursos indiretos, fazendo as alterações necessárias.
a)
Trancado no quarto, gritei:
- Quem está aí fora?

                Alguém estava trancado no quarto e gritou pedindo quem estava lá fora.
b)
A professora quis saber:
- Por que você faltou à prova, Carlos?
A professora perguntou a Carlos porque ele havia faltado à prova ou A professor quis saber de Calor qual o motivo de ele ter faltado à prova.

c)
A freguesa perguntou ao feirante:
- Qual é o preço da abobrinha?
A freguesa perguntou ao feirante qual era o preço da abobrinha.
d)
Ricardo concordou:
- Esta é a melhor solução.
Ricardo concordou que aquela era a melhor situação.

8. O texto “Piadinha” do escritor Ziraldo apresenta mesclado discurso direto e discurso indireto, transforme-o somente em discurso indireto, fazendo as adaptações necessárias.

O João estava vendo um álbum antigo e perguntou para a mãe:
– Mãe, quem são esses dois aqui nessa foto? Essa moça de branco e esse cabeludo de
bigode ao lado dela?
E a mãe explicou:
– Sou eu e seu pai!
– Esse é que é o papai? – perguntou o menino assustado.
– Então quem é esse careca que mora com a gente?

Ziraldo. Anedotinhas do Bichinho da Maçã. 11 ed. São Paulo, Melhoramentos, 2004.
                João estava vendo um álbum antigo e observando uma das fotos questionou à mãe quem eram as duas pessoas que estavam nela. Quem era aquela moça vestida de branco e aquele homem cabeludo e de bigode que estava ao lado da mulher. A mãe explicou que era ela – a mãe dele e o pai dele.

O menino muito assustado questionou então quem era o careca que estava morando atualmente com eles.