Tipos de discurso e tipos de narrador
1. Leia com atenção o que a escritora Marina Colasanti
escreveu sobre sua relação com um animalzinho. Perceba também que o texto apresenta
o discurso indireto, isto é, há somente a presença de um narrador.
Breve história
de um pequeno amor
Coisa
mais feia é pombinho que nasceu há pouco. A pele escura, frouxa, sobra no corpo
como pijama de irmão maior. Penas, nem pensar. As asas pequenas, a barriguinha
gorda, as costelas aparecendo, as veias, ou que seja que vai azulando por baixo
da pele, tudo parece ainda por terminar. Mas o pior é a cabeça. Grande demais
para o corpo – acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior
-, desequilibrada sobre o pescoço magro, com um bico fino e comprido e dois
olhos enormes, dois olhos saltados chegando à vida antes de todo o resto,
ansiosos e meio cegos.
Assim
eram os dois. Eu os amei imediatamente.
Fonte: Colasanti, Marina. Breve história de um pequeno amor. Ilustrações Rebeca Luciani. 1
ed. São Paulo: FTD, 2013, p. 8-9.
a) No fragmento
anterior o narrador só narra os fatos ou participa também deles?
O narrador narra os fatos, no entanto, em determinado
trecho da história ele dá sua opinião utilizando primeira pessoa “eu acho”.
b) Retire do
texto a frase em que o narrador expressa a opinião dele.
“- acho que combinaria com o pelo se o
esqueleto todo fosse maior -”.
Nesta atividade seria interessante que os alunos utilizassem
um lápis colorido para pintar a frase em que o narrador expressa a opinião
dele.
c) Observe que
recursos o escritor utiliza no texto para destacar a frase “acho que combinaria com o pelo se o
esqueleto todo fosse maior”.
O travessão.
Fique atento!
·
Quando o
narrador além de contar a história ainda participa dos fatos, dizemos que é um
narrador-personagem, pois apresenta o texto em primeira pessoa – eu – e utiliza-se
também de travessão e aspas para sinalizar esta fala.
·
Quando temos a
presença de um narrador que somente narra um fato sem participar deles – em terceira
pessoa – dizemos que temos um narrador-observador.
2. Agora leia a
fábula de Esopo “Os viajantes e o urso” e fique atento ao narrador.
Os Viajantes e o Urso
Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
- O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
- Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.
Moral da história: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.
Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
- O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
- Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.
Moral da história: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.
a) Você observou
atentamente os narradores no texto “O viajante e o urso”? Então complete a
legenda de acordo com o tipo de narrador encontrado: narrador-observador (terceira pessoa) ou narrador-personagem (primeira pessoa).
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Narrador-observador
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Narrador-personagem 1
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|
Narrador-personagem 2
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3. Leia
atentamente o texto “Contos desenhados”. Depois, utilizando lápis coloridos (de
cores diferentes), pinte no texto uma cor para o narrador-personagem e uma cor
para o narrador-observador.
A criança que ia fazer compras
Uma criança ia fazer compras
para sua mãe.
- Então, o que é pra comprar?
A mãe disse:
- Bem, você pode comprar um pão
e um bolo
e dois pães
doces
e duas amêndoas
doces
e uma banana
e dois pirulitos
e cinco uvas
passas
e um pouco de
algodão-doce.
Para o vendedor a criança
perguntou:
- Bem, quanto custa tudo isso?
Ele respondeu:
Apenas 66 centavos.
GUSTAVSSON, Per.
Contos desenhados / reunidos e
contados por Per Gustavsson: ilustrações de Boel Werner; (tradução de Margareta
Svensson). São Paulo: Callis, 2005, p. 42-44.
4. Utilizando
ainda o exemplo do texto anterior “Contos desenhados” poderemos ainda observar
a presença de discurso direto e de discurso indireto.
Discurso direto
É representado
pelas falas do narrador-personagem (ou somente personagem). O narrador
apresenta as falas das personagens através de travessão ou aspas. São
utilizados pelo narrador alguns verbos de elocução (dizer, falar, perguntar,
responder, exclamar, protestar etc.) para marcar a fala da personagem.
Exemplo:
- Por que você não pediu a sua
mãe? Perguntou Ana.
Marta explicou a
Ana o motivo:
- Não tive coragem, sabia que
minha mão não permitiria que eu saísse sozinha.
Discurso indireto
Discurso indireto é quando temos a presença de um narrador
que conta a história e reproduz a fala e
as reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse
caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi
dito pela personagem.
É o registro da
fala da personagem, mas essa fala é contada pelo narrador. Logo, nesse tipo de
discurso, os tempos verbais são modificados para que o leitor possa entender.
Utiliza-se também o recurso de citar o nome de quem fez a pergunta para que o
leitor não perca o referencial da personagem.
No exemplo a
seguir temos a mescla do discurso
direto com discurso
indireto. Veja:
- Eu posso ir com você para o
cinema. – Perguntou Ana.
Janete prontamente respondeu:
- Claro, adoraria.
Agora vejamos
como fica o texto ao utilizarmos somente discurso indireto:
Ana perguntou a
Janete se poderia ir com ela ao cinema. Janete respondeu prontamente que
adoraria que Ana a acompanhasse.
Há ainda o
Discurso indireto livre, no qual, a narrativa é interrompida para apresentar a
fala de uma personagem, mas sem utilizar recursos gráficos como as aspas e o(s)
travessão(ões) do discurso direto. As falas ou até mesmo os pensamentos das
personagens aparecem repentinamente durante a narração. Nesse tipo de discurso
exige-se do leitor muito mais atenção à leitura.
Veja no exemplo
a seguir:
Ana estava
perdida olhando a paisagem, pensando naquele menino que conhecera minutos antes
na quadra da escola. Será que ele a vira? Será que também se interessara por
ela? Ah! Como saber! O carro continuava cortando a paisagem, rajadas de
vento e grossos pingos de chuva batiam com força no vidro do carro. O menino
era tão lindo.
5. Como
diferenciar discurso direto de discurso indireto:
Discurso direto
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Discurso indireto
|
Utiliza primeira ou segunda pessoa do discurso.
- Iremos ao cinema.
Tu vais conosco?
Obs.: Em muitas situações de comunicação é comum utilizarmos o
pronome Você (como segunda pessoa, mas o verbo conjugado em terceira pessoa).
Exemplo: Você vai conosco?
|
Utiliza terceira pessoa.
Minha amiga me disse que iriam ao cinema e me perguntou se eu iria
com eles.
|
Como os verbos se apresentam no discurso direto:
a) Presente do indicativo
- Comemos muitos pastéis. – Disseram meus primos.
b) No pretérito perfeito do indicativo
- Vocês já comeram os pastéis? – perguntou minha tia.
c) No futuro do presente do indicativo
- Vocês não comprarão nada na rua. – pediu a mãe.
d) No imperativo
- Comam todos os pastéis. Insistiu minha tia.
|
Como os verbos se apresentam no discurso indireto:
a) Pretérito perfeito do indicativo
Meus primos disseram que haviam comido muitos pastéis.
b) No pretérito-mais-que-perfeito do indicativo
Minha tia perguntou se meus primos comeram os pastéis.
c) No futuro do pretérito
A mãe pediu que seus filhos não comprassem nada na rua.
d) No pretérito imperfeito do subjuntivo
Minha tia insistiu para que meus primos comessem todos os pastéis.
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Utiliza-se o uso de pronomes demonstrativos de primeira pessoa.
- Estes pastéis estão deliciosos! – Exclamou meu primo.
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Utiliza pronomes demonstrativos de terceira pessoa.
O primo dela (dele) exclamou que aqueles pastéis estavam deliciosos.
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Utiliza-se verbo de elocução acompanhado de sinal de pontuação
(dois-pontos).
Meu primo perguntou:
- Mãe! Tem mais pastéis?
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Utilização de pontuação diferenciada do discurso direto.
Meu primo perguntou para a mãe dele se tinha mais pastéis.
|
1.
Veja a seguir como acontece a transformação de discurso direto em
discurso indireto.
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS. Teacher
Swu. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2014.
Discurso direto
- Professora!
- Que é,
Joãozinho?
- Eu quero dizer
uma coisa muito importante.
- Fala.
- Estou com medo
de assustar a senhora.
- Pode falar.
- É o papai.
- O que tem ele?
- Sei não. Ele disse
que, seu eu tirar zero este mês, alguém vai levar uma surra.
Fonte: ZIRALDO.
As anedotinhas do bichinho da maçã. 11 ed. São Paulo: Melhoramentos. 2004.
Agora obseve
como o mesmo texto transforma-se ao utilizarmos o discurso indireto. No
entanto, perceba que se preserva o mesmo sentido do texto base.
Discurso indireto
Joãozinho falou para a
professora que queria dizer uma coisa muito importante para ela. A professora
pediu que ele falasse.
No entanto, o garotou disse que
estava com medo de assustá-la. Mesmo assim, ela pediu que ele falasse.
Joãozinho, então, disse que era o pai, insinuando que havia algo de errado com
o pai dele. A professora perguntou o que tinha com o pai.
Joãozinho, com a maior cara-de-pau, falou que não sabia de nada. Sabia
apenas o que o pai havia dito que, caso ele tirasse zero naquele mês, alguém
levaria uma surra. Insinuando assim que seria a professora.
Fonte: TAVARES, Roseli. Fala direta e fala indireta. Disponível
em: <http://roseartseducar.blogspot.com.br/2011/11/discurso-direto-e-indireto.html>. Acesso em: 7 mar. 2013.
7. Transforme
os textos que apresentam discursos diretos em discursos indiretos, fazendo as alterações
necessárias.
a)
Trancado no quarto, gritei:
- Quem está aí fora?
Alguém
estava trancado no quarto e gritou pedindo quem estava lá fora.
b)
A professora quis saber:
- Por que você faltou à prova, Carlos?
A professora perguntou a Carlos
porque ele havia faltado à prova ou A professor quis saber de Calor qual o
motivo de ele ter faltado à prova.
c)
A freguesa perguntou ao feirante:
- Qual é o preço da abobrinha?
A freguesa perguntou ao
feirante qual era o preço da abobrinha.
d)
Ricardo concordou:
-
Esta é a melhor solução.
Ricardo concordou que aquela era a melhor
situação.
8. O
texto “Piadinha” do escritor Ziraldo apresenta mesclado discurso direto e
discurso indireto, transforme-o somente em discurso indireto, fazendo as adaptações
necessárias.
O João estava vendo um
álbum antigo e perguntou para a mãe:
– Mãe, quem são esses
dois aqui nessa foto? Essa moça de branco e esse cabeludo de
bigode ao lado dela?
E a mãe explicou:
– Sou eu e seu pai!
– Esse é que é o
papai? – perguntou o menino assustado.
– Então quem é esse
careca que mora com a gente?
Ziraldo. Anedotinhas do Bichinho da Maçã. 11 ed.
São Paulo, Melhoramentos, 2004.
João estava vendo um álbum antigo e
observando uma das fotos questionou à mãe quem eram as duas pessoas que estavam
nela. Quem era aquela moça vestida de branco e aquele homem cabeludo e de
bigode que estava ao lado da mulher. A mãe explicou que era ela – a mãe dele e
o pai dele.
O
menino muito assustado questionou então quem era o careca que estava morando
atualmente com eles.
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